Pensar não desenvolve apenas o nosso lado intelectual
Minha educação escolar, logo nos primeiros anos, já privilegiava o desenvolvimento intelectual. Havia apenas duas ou três aulas por semana em que se desenvolvia algo além do intelecto, como Arte e Educação Física. Na universidade, não apenas 100% das aulas usava apenas o intelecto, como eram todas de ciências exatas. Isso me proporcionou um bom desenvolvimento intelectual, em especial de raciocínio lógico e matemático.
Naqueles tempos de universidade, comecei a perceber que esse excesso de desenvolvimento do intelecto e do raciocínio lógico fazia de mim uma pessoa desequilibrada. Sei que essa palavra pode ter interpretações nada elogiosas, mas acho bom usá-la. Porque se não trabalhamos o nosso desenvolvimento psicológico e emocional, podemos nos sentir desde levemente desequilibrados, como quando sentamos em uma cadeira de pernas tortas; até totalmente desequilibrados, naquele sentido que você deve ter pensado quando leu desequilibrado da primeira vez. À época, eu não percebia, mas as situações que me faziam sofrer estavam sempre relacionadas com a minha dificuldade em lidar com emoções e sentimentos.
Alguns anos depois, eu trabalhei com a professora Reiko ajudando-a a elaborar materiais didáticos, escrever projetos, capacitar professores, tudo com o foco que temos até hoje no nosso trabalho aqui na RIA: educação para o pensar. Um dia, em nossa pausa para o café, perguntei a ela se esse “foco no pensar” não poderia fazer com que as pessoas ficassem desequilibradas, comparando o desenvolvimento intelectual e o emocional. Porque até aquele momento, pensar, para mim, era apenas uma atividade intelectual.
Ela disse que era justamente o contrário. Quando você pensa, no sentido em que nós aqui da RIA usamos a palavra pensar, consegue avaliar melhor todas as suas atitudes.
Por exemplo, se você se desentende com uma pessoa, fica mais capacitado para entender o que está causando o conflito. Quer resolver esse conflito? Então, qual mudança em sua atitude que pode ajudar? Ou se a outra pessoa precisa reavaliar sua atitude, como posso ajudá-la a enxergar o que está causando esse conflito? Quando você desenvolve a habilidade de pensar, começa a fazer isso automaticamente para resolver seus problemas. Tudo fica mais fácil!
Hoje, quinze anos depois dessa conversa, concordo totalmente com a professora Reiko. Trabalhei por 14 anos dentro da sala de aula como professor para o ensino médio. Revendo todo aquele período, consigo perceber claramente a evolução no relacionamento com os alunos. Quando o pensar foi se incorporando às minhas atitudes, resolver os conflitos do dia a dia ficou cada vez mais rápido e menos desgastante.
Pensar nos faz conduzir melhor os relacionamentos afetivos e profissionais. Ajuda a entender o que queremos e o que não queremos, e a não repetir comportamentos e atitudes que nos levam justamente a fazer o que não queremos fazer (sim, não acontece só com você, todos fazemos isso).
Enfim, pensar não nos transforma em robôs, nem em seres humanos desequilibrados. Pensar nos torna seres humanos mais equilibrados. Nos ajuda a desenvolver a empatia e a tolerância, que vão resultar em harmonia e tranquilidade. Se você quiser acrescentar isso à sua vida, desenvolva as habilidades do pensar, pois são ótimos atalhos nesse caminho.