Ozônio: Mocinho ou Bandido? (Parte 2)
Como prometemos, vamos ver quando o ozônio se forma na atmosfera e vira bandido. Um dos poluentes que saem do escapamento do carro é o dióxido de nitrogênio (NO2). Ele se forma quando o nitrogênio e o oxigênio do ar reagem dentro do motor do carro.
Um pouquinho de luz ultravioleta sempre acaba passando pelo ozônio na estratosfera. Esses raios quebram a molécula de NO2, assim:
Esse átomo de oxigênio reage facilmente com as moléculas de oxigênio do ar, produzindo ozônio:
O ozônio é um oxidante muito forte. Por exemplo, na fabricação do papel, ele oxida as substâncias escuras que têm no papel bruto e ele fica branco. Uma vantagem de usar o ozônio como oxidante é que ele pode ser transformado em oxigênio e, depois, ser jogado na atmosfera. Mas se ele ficar solto aqui perto de nós, causará muitos problemas. O ozônio endurece e quebra a borracha, mata plantas, causa doenças respiratórias, irrita os olhos.
O ozônio causa esses problemas porque tem facilidade para doar átomos de oxigênio. Esses átomos de oxigênio quebram a dupla ligação que existem entre as moléculas de carbono (C=C). E existem moléculas com dupla ligação na borracha, nas plantas e até nos tecidos que formam nossos olhos e pulmões.
E o ozônio faz tudo isso mesmo numa concentração muito baixa. Se a concentração for maior do que 100 partes por bilhão ele já causa todo esse estrago. Na camada de ozônio, a concentração de ozônio é de 10 partes por milhão.
Quando nós dizemos que têm 100 partes por bilhão (ou ppb), quer dizer que, se você pegar um bilhão de moléculas, só cem moléculas são de ozônio e o resto de outras substâncias. E quando dizemos 10 partes por milhão (ou ppm), é quase a mesma coisa. Quer dizer que em um milhão de moléculas, só dez são de ozônio. Se você comparar, 10 ppm é a mesma coisa que 10.000 ppb. Então, lá na estratosfera tem cem vezes mais ozônio que aqui embaixo.
Agora, você viu que quando o ozônio está lá na estratosfera ele é mocinho e garante nossas férias na praia, mas quando ele está aqui perto, é bastante prejudicial à saúde.
Mauro Faro, Eng. Química da USP