Leitura ativa do artigo: Reação Tira a Limpo a Ação dos Sabões

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Abaixo, o texto da videoaula:

Ação do leitor competente

Quando leio o título desse texto, já tenho quase certeza sobre o que ele vai falar: como o sabão limpa alguma coisa suja. Foi interessante essa brincadeira que o autor fez com a expressão “tira a limpo”. Eu uso essa expressão com o sentido de esclarecer alguma coisa, e não com o sentido de limpar.

Logo no início do texto tem uma figura da lavagem das mãos sujas. Por enquanto, acho que eu tinha razão sobre o assunto do texto. Essa figura me fez lembrar que, dependendo do tipo de sujeira que eu tenho na mão, lavar só com água não é suficiente para limpar. Eu preciso usar o sabão ou o detergente para conseguir limpar.

Vou seguindo a leitura e começam a aparecer algumas palavras que eu não sei o que significam. Molécula eu tenho uma ideia, mas polaridade não sei o que é. Polo, até agora, eu só conheço Polo Norte e Polo Sul, que aprendi nas aulas de Geografia. Mas não deve ser isso, porque moléculas são coisas muito pequenas e não são esferas que nem o nosso planeta.

Acho que vou usar uma estratégia diferente para ler este texto. Primeiro, vou ler até o final, mesmo sem entender tudo, e marcar as palavras que não conheço. Vou fazer um pequeno risco inclinado sobre todas as palavras que eu não sei o que significam, desse jeito:

Aí, se nas frases ou parágrafos seguintes o próprio texto explicar o que ela significa, vou voltar e fazer outro risco, formando um xis. Se não explicar, eu deixo com um risco só:

Depois de terminar a primeira leitura, vou pegar o dicionário para pesquisar o que significam as palavras que eu não conheço e que não foram explicadas no texto. Quais são mesmo? Ah, são aquelas que só têm um risco em cima.

Agora, eu já tenho uma boa ideia do conteúdo do texto; sei o significado das palavras que o autor considerou que eu já sabia e quais são as palavras que eu preciso entender durante a leitura. Acho que estou bem preparado para entender todo o texto agora. Parecia que ia ser difícil, mas organizando as minhas dúvidas e resolvendo uma de cada vez, estou confiante para entender como o sabão faz para limpar a sujeira. E curioso também! Então, vou voltar ao texto.

Continuo a leitura. E agora também sei que a água não tira a gordura da mão suja, porque as moléculas de gordura estão presas na minha mão com muita força. E de novo vem a história do polo! Olhando no dicionário, eu descobri que polo significa partes opostas em uma esfera, que nem o Polo Norte e o Polo Sul, que estão um em cima e o outro embaixo. E essa palavra é usada também na Química, na Física e na Biologia, e sempre quer dizer que os polos de alguma coisa são regiões opostas. Num ímã, por exemplo, cada ponta é um polo, e também chamamos de polo Norte e polo Sul; numa pilha, cada extremidade é um polo, mas eles são chamados de polo positivo e polo negativo.

Lendo o texto, eu aprendi que as moléculas formadas por átomos diferentes possuem polos. E como acontece nas pilhas, eles são chamados de polo positivo e polo negativo. Ah, agora eu entendi: a parte da molécula que concentra os elétrons é o polo negativo, porque elétrons são negativos. A parte oposta dessa molécula é o polo positivo.

Apesar de ter entendido, não acho que seja um assunto simples. Estou com medo de esquecer tudo e daqui a pouco, quando estiver no final do texto, não entender nada. Vou criar um esquema com a sequência das explicações até agora. Assim, se eu começar a fica confuso, o esquema me ajuda a entender os conceitos e a me lembrar tudo de forma rápida, sem precisar começar tudo de novo. Meu esquema ficou assim:

Mas agora fiquei com outra dúvida: porque alguns átomos atraem os elétrons e outros não atraem? Espera aí, agora aparece um quadro no texto, com o título Como é que é?. É assim mesmo que está minha cabeça: como é que é esse negócio de alguns átomos atraírem os elétrons e outros não atraírem?

Ai que bom! O objetivo desse quadro é justamente explicar melhor essa minha dúvida. Dentro do quadro, o autor vai descrevendo como é a molécula da água. Vou olhar essa fórmula na internet. Olhando a fórmula, está muito mais fácil entender a explicação sobre os polos positivo e negativo. Vou desenhar a molécula no cantinho do meu texto e marcar onde é positivo e onde é negativo.

Gostei desse quadro, porque ele destaca a explicação. Foi como fazer uma pausa na leitura do texto para entender outra coisa. Agora estou confiante de novo para entender a explicação sobre a ação do sabão.

Tenho que confessar que a minha alegria não durou muito, porque quando vi aquela fórmula do sabão, me assustei um pouco! Mas espera aí! No restante do texto, o autor trocou uma parte da fórmula por um retângulo. Acho que o que importa então é só aquele outro pedacinho. Eu já estudo essas fórmulas menores, não vou ter dificuldade com isso, não. É mesmo, ele explicou que esse pedacinho é a parte polar e o retângulo é a parte apolar do sabão. E, agora, está resolvido o mistério. A parte polar gruda na água e a parte apolar gruda na gordura. Por isso que o sabão limpa!

Eu entendi, mas fiquei pensando em outras coisas: e o detergente, faz a mesma coisa que o sabão? Perto da minha casa tem um lugar que recolhe óleo e gordura usados, e dizem que é para fazer sabão. O sabão é feito de óleo e gordura? Vou pesquisar outros textos para ver se descubro as respostas das minhas dúvidas.

Este texto falou de muitas coisas que não conseguimos ver ou pegar: moléculas, elétrons, polos negativos, cátions etc. Todas essas coisas são abstratas. Para conseguir entender as explicações, nós precisamos criar imagens destes conceitos. Fazer anotações, esquemas e desenhos são muito úteis para entender ideias abstratas. Mesmo que você não seja um bom desenhista, o que importa é fazer uma representação (o desenho) de forma que ajude a enxergar algo abstrato. Você também pode procurar uma imagem na internet. Por exemplo, essas são algumas figuras que eu encontrei pesquisando “molécula polar”:

Com essas imagens, já consigo saber que a água deve ser uma molécula polar, e que molécula polar tem uma ponta positiva e uma ponta negativa. Depois, no próprio texto eu vi que essas informações foram confirmadas.

As estratégias de leitura que foram discutidas aqui são úteis para qualquer texto, mas funcionam melhor ainda para textos científicos e com termos abstratos. Elas vão ajudar você, com o passar do tempo, a entender textos cada vez mais complexos.

Mauro Faro, Eng. Química da USP