Ai, Que Dor de Cabeça!
Quando bate aquela dor de cabeça chata, a primeira coisa em que você pensa é a aspirina. Você sabia que a aspirina é o medicamento mais vendido em todo o mundo? E que, além de aliviar a dor (ação analgésica), ela também reduz a febre (ação antitérmica) e as inflamações (ação anti-inflamatória)? Pois é, você só se lembra dela quando está com problemas, mas já está na hora de conhecê-la melhor. Dê uma lida na bula do remédio. Você verá que tem um tal de ácido acetilsalicílico na composição. Esse é o nome verdadeiro da aspirina. O comprimido não é de aspirina pura, têm outras substâncias que dependem da marca do medicamento.
Na verdade, a substância que cura a sua dor de cabeça não é o ácido acetilsalicílico, é o ácido salicílico. Mas se você tomar esse carinha, terá uma baita irritação na boca e na garganta. E é por isso que os químicos o transformam em ácido acetilsalicílico, que não agride sua boca. Essa transformação é feita pela reação do ácido salicílico com o ácido acético (o mesmo ácido do vinagre!):
Essa é uma reação de condensação. Na junção de duas moléculas orgânicas forma-se, além do produto, uma molécula mais simples, a água.
Quando o comprimido cai no seu estômago, a água entra em ação e faz a reação inversa. Ou seja, o ácido acetilsalicílico reage com a água e vira o ácido salicílico de novo. E ele irá entrar em seu sangue e curar a sua dor de cabeça. Mas como ele faz isso? O ácido salicílico faz com que o seu organismo pare de produzir as prostaglandinas. Essas danadas são responsáveis pela sensação de dor e pela propagação de febres e inflamações.
A história da aspirina é bem antiga. Na Grécia antiga, Hipócrates (o filósofo considerado o pai da medicina) ficou bastante interessado por uma árvore, o chorão. O chorão é aquela árvore com folhas bem finas e pendentes, que normalmente cresce à beira de rios e pântanos. Hipócrates pensou: essa árvore, que cresce muito bem nos pântanos, onde há um montão de doenças, deve ter alguma coisa que resiste às doenças. E, então, ele começou a usar o chá da casca do chorão como remédio.
Mal sabia ele que na casca dessa árvore estava o ácido salicílico. E, muito tempo depois, quando essa substância foi descoberta pelos químicos, ela foi batizada como ‘ácido salicílico’, porque o nome científico do chorão é Salix.
Os químicos quiseram, então, imitar a natureza e produzir o ácido salicílico. E descobriram como fabricá-lo usando o fenol, que é uma substância orgânica muito usada na indústria química. Faz-se a reação do fenol com o gás carbônico, CO2, em meio ácido, para resultar em ácido salicílico:
Essa é uma reação de adição. Uma molécula pequena (CO2) é encaixada na cadeia de carbonos da molécula grande (fenol).
Depois, falta a reação do ácido salicílico com o ácido acético, para, então, obter-se a aspirina. Aí, é só colocar tudo numa máquina de fazer comprimidos.
Comprimidos que vão curar todas as suas dores de cabeça (bem... quase todas).
Mas, cuidado para não abusar. A aspirina é muito boa, mas, como qualquer remédio, tem a sua dose certa. Tomando demais, ela faz mal à saúde, pois prejudica todo o sistema digestivo, já que aumenta a acidez. Lembre-se que TODOS os remédios têm seus pontos positivos e seus pontos negativos. Por isso, nunca abuse de remédios!!
Jorge Andrey W. Gut, Eng. Química da USP